sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Os Cinco Sentidos, by Senhor Visconde Almeida Garrett, o badalhoco vestido de flausino!

São belas - bem o sei, essas estrelas,
Mil cores - divinais têm essas flores;
Mas eu não tenho, amor, olhos para elas:
Em toda a natureza
Não vejo outra beleza
Senão a ti - a ti!
Divina - ai! sim, será a voz que afina
Saudosa - na ramagem densa, umbrosa.
Será: mas eu do rouxinol que trina
Não oiço a melodia,
Nem sinto outra harmonia
Senão a ti - a ti!
Respira - n'aura que entre as flores gira,
Celeste - incenso de perfume agreste.
Sei... não sinto: a minha alma não aspira,
Não percebe, não toma
Senão o doce aroma
Que vem de ti - de ti!
Formosos - são os pomos saborosos,
É um mimo - de néctar o racimo:
E eu tenho fome e sede... sequiosos,
Famintos meus desejos
Estão... mas é de beijos
É só de ti - de ti!
Macia - deve a relva luzidia
Do leito - ser por certo em que me deito
Mas quem, ao pé de ti, quem poderia
Sentir outras carícias,
Tocar noutras delícias
Senão em ti - em ti!
A ti! ai, a ti só os meus sentidos,
Todos num confundidos,
Sentem, ouvem, respiram;
Em ti, por ti deliram.
Em ti a minha sorte,
A minha vida em ti;
E, quando venha a morte,
Será morrer por ti.


Ora, confundido é coisa que nosso amigo não era!
Foi com ele que aprendemos, no liceu, uma imensa quantidade de vocabulário romântico que não era propriamente brejeiro.
Pelo, contrário, era até culto!!
Querem ver?
Ósculo? é o beijo.
Racimo? Imaginem a nossa professora de Português a explicar! O racimo é o cacho de uva. Ora imaginem qual a parte da anatomia feminina (pois era para esta que o nosso amigo estava a olhar...) mais se assemelha a este fruto?
Pomos saborosos? Claro, são as maminhas da senhora!
Este poema era quase pornográfico.
A nossa juventude ficou escandalizada com as intenções meio óbvias meio escondidas do senhor!
Começa lá longe, nas estrelas, vai-se aproximando levemente, chegando perto, às tantas, quando se dá por ela, já está o senhor sentado na relva com a fronha enterrada a aspirar os aromas dos pomos da senhora e a descobrir que o racimo sabe a néctar!!
Byron, tinhas a mania que eras esperto, mas olha que tinhas MUITO!! a aprender aqui com o João Baptista!!

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