quarta-feira, 3 de abril de 2013

As merd@s do Miguel Sousa Tavares.

A minha "relação" com o Miguel Sousa Tavares é daquelas de um só sentido; ou seja: eu sei quem ele é, mas a criatura nem sequer sabe da minha existência. Há quem opine que é o tipo de relação humana mais saudável, que nos livra de muita parvoíce.

Também é o tipo de relação em que, tal como os três macaquinhos, há coisas que eu não ouço, não vejo, e opto por, muitas vezes, ficar antes calada.

Nomeadamente, nos anos mais recentes a esta parte, que é para poupar a minha cabecinha a muita decepção e arrelio, é um facto.

Na verdade, a imagem do Miguel Sousa Tavares ficou cristalizada em meados dos anos 90, e desde essa época, toda e qualquer coisa que aconteça no mundo ou na vidinha social, política, profissional, futebolística dele, se andar fora dos eixos da imagem inicial, é automáticamente eliminada pelo meu cérebro.

Por exemplo: o Equador está muito bem posicionado na minha memória, ao passo que não existe qualquer tipo de recordação relacionada com futebol.

Estão a ver como funciona?

O Miguel Sousa Tavares dos anos 90, não sei se se lembram dele, era uma espécie de "quando eu crescer quero ser assim, mas com a depilação mais bem feita e mais mamas" para mim.

Com a depilação tive sorte, com as mamas nem por isso, mas adiante, que também não se arranja trabalho com mamas. Ou por outra, arranja-se, mas não é coisa que se ponha no Curriculo, tipo "tenho uma licenciatura em Inglês e umas grandes mamas".

Nos anos 90, andava eu no liceu e, depois de me livrar quase completamente das Matemáticas (quase, porque arranjei em casa um pequeno altazinho satânico para exorcizar as Matemáticas da minha vida), lá me consegui enfiar na área de Humanísticas e ficar rendida à disciplina de Jornalismo, que foi o que, ingenuamente, decidi que queria ser quando crescesse, mas numa onda mais de jornalista Indiana Jones do que de pivô da Sic, coisa que acabou por não acontecer, porque me decepcionei um bocado com a área, porque a área de História, que eu gostava, não tinha saída e porque o que tinha saída era o Ensino, que afinal não tem, e é por isso que estou no desemprego na pesquisa de ensinamentos desse grande mestre que é a Vida.

E tenho um blog.

Isto aconteceu porque a nossa professora nos meteu a ler a Grande Reportagem, neste caso, uma reportagem sobre uma viagem à Tunísia, e eu fiquei de tal modo fascinada pelas aventuras de jornalista/viajante/Indiana Jones de um gajo que mete uma foto de um mapa rabiscado a marcador roxo nos lugares por onde passou, e fotos de desertos e palmeiras e uma porta azul turquesa numa parede branca batida pelo sol forte da tarde, que conta as histórias vistas pelos seus olhos, pela pessoa que esteve mesmo lá, nesses lugares, nessas aventuras, nesses pedaços de História do Mundo que, ainda hoje, tenho as folhas velhas dessa revista guardadas, e a imagem do Miguel Sousa Tavares cristalizada no jornalista fantástico que ele era na altura.

Por isso, meus amigos, ele bem pode dizer as merd@s que quiser, e fazer as merd@s que quiser que, aqui, não se passa nada.

Caraças, quem é que raio é o Quintela, comparado com o Miguel Sousa Tavares dos anos 90?




P.S.: aquilo do altarzinho não é verdade, ok.

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