domingo, 17 de janeiro de 2010

As novas gerações. Que título tão poético!

Todas as segundas feiras, às 8.30h da manhã, se me perguntarem, sei dizer se o R. passou o fim-de-semana com o pai ou com a mãe. Se ele vier sossegado, atento, bem educado, é porque esteve com o pai e antes de vir para a escola tomou um pequeno almoço como deve ser e a medicação. Se vier parvo, é porque esteve com a mãe e não houve comprimidos mágicos para ninguém. Boa sorte para o aturar esta semana!

A I. tem 6 anos. Sofre de epilepsia mas, felizmente, nunca teve nenhum ataque na escola. Volta e meia, passa as aulas rabugenta, cheia de sono. Volta e meia, damos com ela a dormir em cima do livro onde devia estar a trabalhar. Por Deus, serão as aulas tremendamente aborrecidas? Não. A mãe da I. vai buscá-la à escola, leva-a para o trabalho, faz horas extraordinárias, depois ainda tem uma palestra ou uma formação e vai jantar com os colegas. A miúda vai arrastada atrás. No outro dia, alguém vai levar a criança à escola, e a mãe fica a descansar.

No 3º ano temos a M. – o pai nunca foi às reuniões da escola. Não pode. Não tem tempo. É uma pessoa muito ocupada. A mãe foi algumas vezes.

“M., escreve na caderneta para informar a mãe que a reunião é no dia 14 às 18h.”
“Ó Professora, a minha mãe não deve vir.”, “
“E o teu pai, querida?”
“O meu pai nunca tem tempo. Quem veio às reuniões do ano passado foi o namorado da minha mãe, mas ela agora mudou de namorado, e este também não pode vir.”

Há turmas onde, de 24 meninos, 4 têm famílias “normais”. E são turmas de 1º ou 2º ano, com crianças de 6, 7, 8 anos. Tenho t-shirts que duram mais que as relações desses pais!

Há mães que ligam para a escola na Segunda de manhã a dizer que lhe “parece” que a criança está com… (e depois enumera uns quantos sintomas da Gripe A). Resultado: a criança sete dias em casa. Sete dias em que a mãe não tem de se levantar às 8 horas para a ir levar à escola! Boa!


Ou como fui obrigada a fazer no ano passado, quando um puto de 6 anos e que ainda nem tinha dentes definitivos, inspirado pela mãe e pelo novo namorado se lembrou de tentar apalpar as maminhas ao pessoal docente todo da escola – “Tentas essa outra vez, e eu vou-te aos cornos!” Sorriso desdentado meio parvo. “Puto, estou a falar a sério, parto-te o resto dos dentes”. É anti-pedagógico, é certo, mas é assim a vida!

Até o Professor L., que era gajo, tinha uma tarântula preta enorme tatuada no braço, andava de barba por fazer, óculos de sol, cabelo no ar, calças de paraquedista, t-shirt dos Ramones, tinha um sentido de humor cáustico e não tinha maminhas começou a ficar preocupado! De qualquer maneira, o puto arranjou maneira de partir a fronha toda sozinho “Ó Tuómas, não te ponhas em cima do muro!” “Ponho se eu quiseeeeeeeee….” E pum! Acho que ainda houve alguém que bateu palmas. Foi a Constança, salvo erro.

Se com um pai e uma mãe ditos “Normais” as crianças apanham com estes crominhos, não, acho que não me importo muito se a criança me aparecer com dois pais ou duas mães, se eles estão dispostos a ser pais decentes e a acompanhar a criança que decidiram criar, apesar de, à partida, não parecer uma coisa muito “natural”, como gostam de chamar às situações.

Ok, tens dois pais, ou duas mães. Mas desenhos em que aparecem o pai, a mãe, as 3 namoradas do pai, o ex-namorado da mãe, o amigo especial da mãe, os filhos do amigo especial da mãe com a primeira e a segunda mulher, e mais um que foi um acidente com a secretária lá do escritório, olha, aconteceu? É normal??

E tenham paciência, mas continuo é a não concordar com o aborto como o método anti-concepcional que ele é visto.
Se fazem a merdª, ao menos sejam uns homenzinhos – e mulherzinhas – e assumam as vossas responsabilidades!
As pílulas são à borla no Centro de Saúde, e os preservativos vendem-se em todo o lado, até na bomba de gasolina no cú de Judas!



1 comentário:

siceramente disse...

lool! mas que crianças! :D
E no entanto, eles criam-se!