Caros leitores do estaminé - pessoas que moram na minha cabeça incluídas:
Há muitos muitos anos atrás, andava eu no auge do "Dass caray, estava a ver que não me apanhava fora de casa!" a laurear a pevide em Lisboa e tipo a formar-me nesta coisa que sou hoje que é uma professora altamente anti-pedagógica, tive de me juntar ao A., carinhosamente apelidado pelos membros da nossa pequena família desarticulada formada nessa faculdade de Toy (com direito a cantorias e tudo, acho que é por causa disso que nos dias de hoje ele não telefona a ninguém, mas bem vistas as coisas, ele sempre foi um moço meio monocórdico...) para fazer um trabalho para uma disciplina que já não me lembro bem o que era - seria metodologia do português?? - cuja professora nos tratava a todos como little criancinhas com paralisia cerebral dos dois lados do cérebro.
Ora para a ocasião, fizemos uma quantidade enorme de ficheiros, como mandavam os manuais, vindo dessa ocasião o meu irritante vício de coleccionar toda a espécie e porcaria de caixas e, para abrilhantar a coisa, resolvemos - resolvi - fazer uns quantos desenhos exemplificativos com as larachas que as littles criancinhas costumam colocar nas folhas de papel, do tipo "Hoje fui ao jardim com o meu pai e a namorada dele mas depois apareceu o marido dela e foi uma bronca do car...", ou "Hoje a minha mãe fez bolo de morango e descobrimos que eu era alérgico".
Coisas assim, e com os respectivos desenhos.
Uma vez que não havia little criancinhas assim à mão e uma vez também que era quase Verão e era mais divertido ocupar a casa da Z. para fritar couratos ou esticar os ossos no relvado à frente da ESE do que propriamente fazer a porra de um trabalho, o tempo foi ficando apertado, pelo que optámos - optei - pela soberba técnica de pegar nuns quantos lápis de cor e fazer aquilo com a mão com a qual habitualmente não escrevo.
Obviamente, fomos bastante elogiados, e a professora ainda conseguiu analisar umas quantas fases cognitivas das little criancinhas a partir dos tais desenhos mas, francamente, já não me lembro da nota.
E não se preocupem, que eu tenho canudo.
Ou antes, comecem a preocupar-se, pelo menos no caso de terem filhos.
Bem, isto tudo para esclarecer que a imagem abaixo foi mesmo um bilhete confiscado em aula, e não fui eu que o fiz.
Já tenho trabalho que chegue com eles, não me ia pôr com piadolas.
Mas é caso para pensar.
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