quinta-feira, 24 de junho de 2010

O Descodificador.

Cá em casa a televisão é, basicamente, ignorada.

Não há telejornal da Tvi para ninguém!!

Mesmo assim, chegou esta notícia maravilhosa: os calões que andam a moer o juizo a toda a gente, em vez de serem postos nas férias a limpar a lixarada que fazem no recreio da escola, ganham um canudo, enquanto os outros colegas andam a queimar as pestanas.

Desculpem, passam do 8º para o 10º ano, se tiverem mais de 15 anos.

É que hoje o sistema aqui de casa engoliu um descodificador juntamente com a meia de leite.

Assim, quando se lê num jornal qualquer:

"A ministra da Educação recusou que possa ser entendida como «facilitista» a possibilidade de alunos do 8º ano com mais de 15 anos transitarem para o 10º se passarem nos exames nacionais e nas provas das disciplinas do 9º."

Este gajo ouve:

"Facilitista é a tua tia!"

Quando parece que a Ministra da Educação diz qualquer coisa do género:

«Não é uma medida que tenha nada a ver com facilitismo, é ao contrário: mantém a exigência porque o exame é o mesmo, mas dá a possibilidade àqueles que por alguma razão tiveram uma repetência que não lhes permitiu completar na idade própria, a possibilidade de estudarem, prepararem-se e apresentarem-se a exame», disse Isabel Alçada, no Parlamento."

Este gajo ouve:

"...mas dá a possibilidade àqueles que se safam com cábulas e a copiar."

Até porque, num país onde, em 2010, e desde há muitos anos, a escolaridade é obrigatória, as "repetências que não lhes permitiram completar essa escolaridade na idade própria" prendem-se mais com o desmazelo e as ervas que fumam antes de entrar para as salas de aula, e menos com o ter de sair da escola para ir trabalhar e ajudar os pais a criar os 12 filhos da família.

Quando ouvimos:

"Lembrando que a medida «vem na sequência do alargamento da escolaridade obrigatória para 12 anos» - processo que previa «percursos individualizados de avanço no sistema educativo» -, a ministra salientou que a possibilidade agora aberta implica «esforço e estudo próprio».
«É uma medida que vai suscitar que aqueles que têm capacidade de ter uma força de vontade para estudar apresentarem-se aos exames a que todos os outros também se apresentam e, no caso de não haver exame, a escola faz um exame», referiu."

Provavelmente, o Descodificador cá do sítio percebe qualquer coisa do tipo:

"É uma medida que vai suscitar que aqueles que têm capacidade de ser trafulhas e de enganar meio mundo ter mais oportunidades de o fazer, e de forma cada vez mais legal, e se a escola não tiver um exame para o menino copiar as respostas, depressa arranja um, ameaça um professor ou coisa assim, nada que não se resolva, quer um exame fictício a um Domingo?, também se arranja, sim senhor!"

Quer dizer, a ideia não é formar o futuro do país?

Vamos formar trafulhas e gajos que chegam ao poder só porque pisaram os outros e não por mérito próprio, valores e qualidades?

No futuro, da maneira como as coisas estão a andar, vamos ter um Primeiro Ministro com um canudo falso, cheio até ao pescoço de negócios duvidosos e que ainda nos vem atirar à cara que mentirosos somos nós e, já agora, por me teres andado a difamar com a verdade, vais ser punido de forma sacana!

Ah... parece que já temos um desses...

O que prova que as novas medidas do Ensino são um sucesso!!


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