sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

E mais Miguel Sousa Tavares...

No final da adolescência, tinha tanto entusiasmo pela profissão de jornalista que, em vez de ter uma mala de ombro normal, como a das raparigas, tinha uma daquelas malas de levar as máquinas fotográficas reflex, das básicas, da fnac, em azul seco, muito gira, que me durou até cair de podre. 

Claro que, nessa altura, já andava na faculdade, os cursos de jornalismo estavam na moda, tal como a televisão, e o pessoal queria o curso de jornalismo para ficar depois sentado numa cadeira em Carnaxide a apresentar as notícias, depois de espetar a faca nas costas a meio mundo e de lamber as botas a outro meio (descobri que, na educação, é a mesma coisa, e fiquei escandalizada - eu era uma miúda muito fresquinha... - pela forma traiçoeira como se portavam algumas colegas de turma que, supostamente, iam ensinar valores, que não tinham, a meninos pequenos. Não, ainda hoje me escandaliza!), não era cá José Rodrigues dos Santos com o colete castanho, que vai com o Lusitânia até ao outro lado do mundo, e que faz com que a juventude do país largue tudo para estar ali à hora certa a ver o telejornal, e veja tudo até ao fim, mesmo a reportagem da amnistia internacional que dava todos os dias, não é Paulo Camacho que se enfia pelo Paris-Dakar fora, não é Maria João Ruela que leva um tiro na perna pela causa, não é Miguel Sousa Tavares num jipe pelo deserto fora com o caminho apontado num mapa a marcador.

Pois, o Miguel Sousa Tavares, outra vez.

Quero lá saber que o homem seja agora um idiota.

O que é certo é que me deu ganas de ler o Equador, e não é cá em pdf por causa de ter um curso de professora e a criatura ter chamado palermas aos professores que, ofendidos (há professores que são palermas, é um facto, afinal...), disponibilizaram tudo neste formato.

A menina cá da casa gosta é de livros de papel.

Mesmo que tenham o tamanho de uma almofada.





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