quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ser do Benfica, versão cá de casa.

Cá em casa, é-se do Benfica. 

É tradição do meu lado da família e também do lado do puto. 

Está na história famíliar a forma como a minha mãe aderiu ao clube. 

Era uma gaiata de seis anos e estava a brincar com um jogador de loiça que o meu avô tinha em grande estima, como se fosse uma mariquita. 

Ora um boneco de loiça nas mãos de uma miúda de seis anos é uma coisa que vai dar bronca, eventualmente no tempo.

E foi o que aconteceu. 

Ao ouvir o barulho, os meus avós foram ao quarto, para ver se estava tudo bem com a piolha, e ela, ao achar que tinha feito kaki, só respondeu "sou do Benfica...". 

Estão na história familiar as incontáveis birras de adolescente casmurra e ferrenha benfiquista que eu tinha com o meu padrasto, adulto casmurro e ferrenho portista, com direito a troca de galhardetes e comigo a meter na porta do quarto um poster da selecção a um metro do chão e a ensinar ao meu irmão mais novo, que mal sabia andar ou falar, única e apenas quem era o João Vieira Pinto, na altura e sempre do Benfica!, apesar de achar o Fernando Couto extremamente atractivo, e isto nunca eu ia dar o braço a torcer na altura e admiti-lo. 

O meu irmão, agora, é do Sporting.

Acho que nunca os viu ganhar um campeonato.

Isto durou ate à era Vale e Azevedo.

Hoje em dia, passada a fase parva da adolescência, estamos mais calmos, e lá em casa discute-se futebol tranquilamente, toda a gente torce pela selecção, e torcemos por quem quer que jogue internacionalmente, independentemente da cor da camisola.

No ano passado, grávida com uma barriga enorme aos seis meses, calhou sair do turno às 23h, na Avenida da Liberdade em dia de vitória do campeonato pelo Benfica, o que quer dizer nada de metro nem de autocarros até Picoas, e uma bela caminhada àquelas horas com uma data de malucos festivaleiros na rua, aqui a je agarrada à barrica just in case de apanhar parvos acelerados e descontrolados.

Acabei com a brincadeira quando cheguei à Andrade Corvo, vinha de lá o autocarro vermelho, e uns quantos caramelos começaram a dar uso, numa rua cheia de gente, aos very lights e aos foguetes.

Eu consegui fugir, já a mesma sorte não tiveram as little criancinhas e os patudos que estavam atracados aos festivaleiros...

(depois ainda apanhei com um Benfica-Milão e transportes cheios ao final de um dia de trabalho e huge baby bump, e uma final da taça com o Real e o Atlético, versão festivaleira mas em espanhol...)

Até achei que a pirolita ia ficar traumatizada com isto tudo, mas vamos ver no que dá.

No outro dia, à espera do meu 736, lá calhou outra vez o autocarro vermelho.

O da carris, para não variar, atrasou-se e vinha cheio.......



Sem comentários: