domingo, 14 de julho de 2013

A mascote lá do trabalho!

Uma das coisas fixes para as pessoas que gostam de inventar histórias em todo o lado é viver numa cidade. Há aqueles que gostam de olhar para as pessoas e imaginar histórias, há os que olham para situações e imaginam a história toda por detrás daquilo, e há outras cabeças de vento, como eu, que gostam é de olhar para os lugares, viajar no tempo e imaginar as pessoas que ali viveram.

Por agora, estou pela Avenida da Liberdade, o que quer dizer que, no meio de tanto mamarracho moderno, tenho também a sorte de poder conhecer alguns edifícios que já ali estão desde que o senhor Marquês os mandou meter lá, isto enquanto não vier um pequeno terramoto e deixar toda aquela parte de Lisboa, nós incluídos, debaixo do Tejo...

Lá nas traseiras do edifício onde trabalho, há um prédio abandonado, que faz as minhas delícias nas horas de pausa, quando vou para o sexto andar sozinha, a olhar para cada janela, varanda e cortina, e me ponho a ver a gente que ali viveu. Tenho também muitas ganas de trepar o muro para ir explorar o pátio e o prédio, mas isso é coisa que eu fazia em miúda e, vá, na adolescência, acho que com esta idade ainda me habilitava a passar umas noites no chelindró, mas adiante...

Mas voltando à realidade!

Todos os anos, no telhado desse prédio abandonado, há ninho de gaivota, pelo que, volta e meia, vemos as gajas penduradas ao nosso lado na janela, em cima do ar condicionado.

Tendo as costelas quase todas dali da zona saloia de Santa Cruz, e mais umas quantas de Peniche, tenho uma relação privilegiada com as bichinhas, e até as acho muito estilosas e cheias de personalidade. Coisa a que as pessoas normais chamam "feitio fdp"...

As nossas gaivotas tiveras duas crias este ano e, um dia destes, quando lá chegámos, demos com uma das crias no pátio do nosso edifício.

Foi uma boa ocasião para descobrir os colegas que são apanhados por animais e os que nem por isso, porque assim já sabemos que somos mais que um nestas demandas, e não passamos tanto por maluquinhos da cabeça...

Vimos que não estava magoada, as asas estavam bem, parece ser apenas falta de confiança.

Lá nos metemos a observar, os pais andavam a rondar, o irmão, mais atabalhoadamente, também.

Uma colega telefonou para várias instituições ligadas à natureza selvagem: uma senhora disse que não havia verba para resgates, e rematou com um "deixe a natureza seguir o seu curso, percebe" (fantástico, a senhora tem um dom!), mas depois teve sorte e apanhou com um biólogo que deu sugestões bem mais práticas e humanas.

Ou seja, nesta situação, é dar tempo ao tempo: monitorizar e meter água com fartura. A outra hipótese seria apanhá-la e levá-la à instituição, mas seria animal que depois não poderia ser posto em liberdade por não se saber alimentar sozinho. Esta hipótese, não.

Apercebemo-nos que os pais vão lá alimentá-la e continuamos com a água, e a ir à janela conversar com ela, e com isto já lá vão 6 dias.

Como trabalho no fim de semana, calhou-me, com outro colega, de estar de olho e meter a água. E, nestas coisas, temos contado com a ajuda até dos Seguranças do edifício, que devem olhar para nós como se tivéssemos perdido uns quantos parafusos pelo caminho, mas podia ser pior. Acho eu.

De modos que levei a máquina para lhe tirar umas belas fotos!

Aqui está a nossa menina numa de "ó pá, não me chateies a moleirinha!"


Xanã! O prédio abandonado! Digam lá se isto não dá vontade de explorar!


Mais uma da nossa pequenita.


Ó pra ela, toda cheia de estilo!


Aproveito a ocasião para me queixar da espécie de "pátio" que ali temos, um autêntico antro de ares condicionados. Aquilo com uma limpeza como deve de ser, umas mesas, cadeiras e chapéus de sol dava um belo terraço de refeições de Verão ali para o pessoal, até se trabalhava com mais alegria. Vou meter esta ideia brilhante na caixa das sugestões, mas é!

Sem comentários: