sábado, 20 de dezembro de 2014

Momento "pela boca morre o peixe" da questão.

Na semana em que a pirolita estava prevista nascer, mamãe já se sentia incomodada com algumas contracções.

Nada de muito evidente, mas os pais de primeira viagem levam as coisas muito a sério, especialmente se têm uma médica a querer sacar uma cesariana no hospital particular onde trabalha habitualmente.

Ora quando a médica de serviço na urgência do hospital público pergunta qual o nível da dor que estou a sentir, não sabendo muito bem como o definir, saio-me com a tirada esperto-parva de "bem, não está nada de intolerável, já fiquei mais dorida de bater com o dedo mindinho do pé na quina de uma cadeira..."

(pelo menos não respondi como os nossos fregueses das apólices Angolanas, devem ter andado todos na mesma escola, quando perguntamos, pelo telefone, "então do que é que se queixa, de que especialidade é que precisa?", respondem quase sempre "Estou incomodado", e depois temos de andar a fazer mais uma data de perguntas directas para saber se o "incomodado" é dor de cabeça, vómitos, dor na perna, dor de barriga, febre e etc...).

Uma semana depois, nasce a criança, as contracções são daquelas filhas da mãe que dão nos rins, uma pessoa até tem ganas de trepar pelas paredes, até vir a epidural e, a partir daí, é mais o nervoso miudinho de irmos conhecer o pequeno girino que nos vinha a crescer na barriga e no coração, e que nos vai andar no coração e já não tanto na barriga (só umas lonchazitas...) o resto da vida.

O parto lá se fez, faça lá um bocadinho de força, agora mais outro bocadinho, agora espere lá, que é para o pai estar também aqui ao pé, agora um dois três, mais um dois três outra vez, e já cá temos uma coisinha em cima de nós, a encher a sala de partos com um nível 10 de apgar.

Depois de uma meia dúzia de dias, mais abananada com a novidade da coisa e com as novas noitadas do que propriamente com aquela confusão toda que se passou entre as minhas pernas, já me sinto perfeitamente restabelecida (até porque, lá no hospital, devagarinho e com jeitinho, nos vão incentivando a mexer e a caminhar um pouco), o que quer dizer, em termos práticos, aproveitar o tempo ameno para dar um passeio aqui pela rua, coisa que faço toda lampeira, quase sem dificuldade física nenhuma, e toda orgulhosa da coisinha mini que levávamos no carrinho.

Uns dias depois, derivado do péssimo hábito que tenho de andar descalça em casa e por ter o carrinho com o berço ali encaixado do meu lado da cama, dou uma valente castanhada na roda, daquelas em que se ouve um "crac" e em que parece que o dedo até se vira todo, o que me deixa coxa e entrevada durante um par de semanas e com o aspecto de "coitadinha, deve ter tido um parto tããão difícil!".

Não, senhores. O parto foi perfeitamente tolerável - gracias, epidural! - mas a sacana da castanhada com o dedo mindinho do pé na roda do carrinho é que me lixou a reputação...



Sem comentários: