terça-feira, 10 de novembro de 2015

O choque e a vila.

Deram-me ganas de voltar às lãs, um dia destes.

Não sei se sou eu que acho que tenho tempo livre (ahahahahahahah!!), ou se foi a chuvinha (tempestade sim senhor) que caiu no outro dia.

O que é certo é que deram-me ganas de lãs, e de procurar uma retrosaria aqui por estes lados.

Lá a descobri, e fiquei um bocado chocada.

Para começar, é numa espécie de shopping ali na vila, que tem... para aí umas 8 lojas, sendo que só quatro estão a funcionar, mas uma delas é só ao fim de semana.

Depois, é uma loja 2 em 1, numa versão alternativa ao negócio familiar: de um lado, é loja de chaves e arranjos e pequenos electrodomésticos, do outro é retrosaria. Há a louvar, no entanto, o pormenor de ter cada uma a sua decoração e o seu estilo, o que quer dizer que o esposo não se deve ter atrevido a opinar acerca do que a esposa devia ter ou não na loja...

Tem também um horário alternativo, o que quer dizer que só está aberta quando apetece à senhora que está ao balcão, o que quer dizer "aberto a horas indeterminadas e o almoço são três horas porque vou buscar os netos à escola, dar-lhes o almoço e levá-los outra vez e ainda tenho meia hora para fazer um bocadinho de zumba".

Ah, e temos que referir que ao balcão está uma pensionista, que serve pensionistas e que vende coisas que as pensionistas querem das retrosarias, tipo linhas de crochet douradas para fazer os rebordos aos panos e oferecer para o enxoval das filhas e das netas no Natal, uma variedade de tecidos excelentes para fazer batas de pensionistas, botões para camiseiros para levar à igreja ao Domingo e aquelas barras para meter nas prateleiras da despensa, em bordado inglês estilo princesa Diana 1985, sendo que botões coloridos não existem, lãs giras também não, e muito menos ponchos feitos à mão a enfeitar o estaminé.

De modos que, quando lá entrei, euzinha, calças de ganga, botas de comando, t-shirt por cima da blusa de manga comprida, com a criança a dormir no carrinho e umas lãs azuis e cor de rosa, para encontrar uns botões catitas para aquilo, só me apeteceu fazer mais duas tatuagens, meter um daqueles brilhantes na sobrancelha, que coragem para piercing é coisa que não me assiste, levar a saia da loja de artesanato com as botas de comando, uma rodada de hena no cabelo, uma pulseira no tornozelo, umas quantas latas de tinta, uma vassoura, um berbequim, um homem cheio de força, umas quantas caixas de lãs super fixes e apelativas, móveis em segunda mão, mas no máximo até aos anos 70, não quero cá ficar encalhada com mamarrachos dos anos 80 ou, pior, dos anos 90, tipo sapateiras e bares de sala com o balcão e as prateleiras para as garrafas e os copos de balão e o espelhado atrás!, e uma data de agulhas coloridas e de vários tamanhos, não há cá nada das metálicas tamanho 1 a 3, botões de madeira e às cores e de vários tamanhos, uma prateleira com livros e revistas alusivos, e dar uma reviravolta àquela cena toda!

Ah, e metia uma mesinha toda catita com cadeiras desirmanadas e um sofázito com a manta dos quadrados no lado da janela, para as clientela entrar, sentar-se, tomar um chá (também à disposição), e arengar um bocadinho sobre livros e pontos e a vida numa tarde de chuva à beira mar!


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